quinta-feira, 26 de maio de 2011

CANCER DE BOCA E GARGANTA

CANCER DE BOCA E GARGANTA


O que é? 

O câncer oral é o que tem início na cavidade bucal, o que inclui lábios, 
o revestimento interno da boca (mucosa bucal), os dentes, gengivas, os 
primeiros dois terços da língua, a parte da boca que fica debaixo da língua 
(soalho da boca), o céu da boca (palato duro) e a área atrás dos dentes do 
siso, o trígono retromolar.

O câncer orofaríngeo é o que se desenvolve na parte da garganta que fica
 logo atrás da boca, chamada de orofaringe.

 Ela inclui a base da língua (o último terço da língua), o palato mole, as amígdalas 
e os pilares e as paredes laterais e posterior da garganta (paredes faríngeas 
laterais e parede faríngea posterior). 

Glândulas salivares menores da boca e da garganta produzem saliva, que
 mantém a boca umedecida e ajudam na digestão dos alimentos.

A boca e a garganta participam de vários processos, entre eles a respiração, 
fala, alimentação, mastigação e deglutição. 
Ambas contêm vários tipos de células e tecidos e diferentes tipos de tumores
 podem se desenvolver a partir de cada tipo de célula. 
Essas diferenças são importantes porque influenciam o tratamento e o 
prognóstico (chance de sobrevivência) do paciente.

Alguns desses tumores são benignos, isto é, não invadem outros tecidos nem 
se disseminam para outros órgãos do corpo. 
Outros são cancerosos, podem invadir tecidos vizinhos e atingir outros órgãos
 do corpo. 
Há ainda crescimentos celulares que de início são inofensivos, mas que mais 
tarde podem se tornar cancerosos. São conhecidos como lesões cancerizáveis.

Tumores benignos 

Os tumores benignos incluem lesões de células gigantes, fibroma, 
queratoacantoma, leiomioma, osteocondroma, lipoma, schwannoma,
 neurofibroma, papiloma, papilomatose (HPV), granuloma piogênico e 
rabdomioma, bem como os tumores odontogênicos.

 O tratamento básico para essas condições é a remoção cirúrgica, através 
da boca, sem incisões externas, já que a recorrência é pouco provável.

Leucoplasia, eritroplasia e displasia 

Leucoplasia e eritroplasia são termos que descrevem áreas anormais na
 boca e garganta. A leucoplasia é uma área esbranquiçada.

 A eritroplasia é uma área avermelhada, levemente elevada, geralmente 
assintomática, que não sai quando raspa-se sobre a lesão.

 Na maior parte dos casos, o achado é incidental, durante o exame clínico 
realizado por médico ou por dentista.

A gravidade da leucoplasia ou da eritroplasia só pode ser determinada por 
um exame clínico complementado, quando necessário, por uma biópsia, ou
 seja, a análise microscópica de uma amostra de tecido. 

Algumas vezes essa avaliação pode ser feita por meio de citologia exfoliativa,
 técnica na qual a lesão é descamada com um instrumento e as células assim
 obtidas são analisadas ao microscópio, mas os resultados não são confiáveis
 como os da biópsia.

Essas áreas esbranquiçadas ou avermelhadas podem ser cancerosas ou 
uma lesão cancerizável chamada displasia pode estar presente. 

Em muitos casos, particularmente de leucoplasia, o achado pode descartar 
a possibilidade de câncer. Há formas brandas, moderadas ou severas de
 displasia, 
que se distinguem umas das outras pelo quanto parecem anormais ao 
microscópio. 

Saber o grau de displasia ajuda a prever qual a probabilidade de a lesão evoluir
 para um câncer, desaparecer sozinha ou com tratamento. 

Geralmente, a displasia desaparece se o fator que a causa é eliminado. As causas mais freqüentes são o hábito de fumar e/ou mascar tabaco. 

A irritação provocada por dentes ásperos, superfícies irregulares em obturações, coroas ou dentaduras contra a língua ou interior das bochechas pode causar leucoplasia ou eritroplasia. 

Tratamentos com retinóides (substâncias derivadas da síntese de vitamina
 A) aplicadas às lesões podem ajudar a eliminar algumas áreas de displasia
 e evitar o aparecimento de outras. A vitamina A também pode ser usada no tratamento.

A gravidade da leucoplasia e da eritroplasia pode ser determinada com 
precisão apenas pela biópsia, mas há várias outras formas de saber se 
trata-se de câncer ou não. 

Um método usado para escolher o local da biópsia é o emprego de um 
corante chamado azul de toluidina que é espalhado sobre a área suspeita. 
Se houver câncer, o tecido maligno ficará azul. 

Há outras doenças que também determinam esta coloração. Somente a 
biópsia permite a diferenciação com segurança.

Na maioria das vezes, a leucoplasia é uma condição benigna que raramente
 evolui para câncer.

 Cerca de 25% das leucoplasias, porém, ou são cancerosas quando detectadas
 ou envolvem alterações pré-cancerosas que evoluem para câncer em 10 anos
 se não forem tratadas adequadamente. 

Geralmente, a eritroplasia é mais séria e 70% a 95% dessas lesões são cancerosas
 à época da biópsia inicial ou vão evoluir para câncer.

Pode ser necessário também medir o conteúdo de DNA da leucoplasia ou 
eritroplasia. Se o conteúdo de DNA é normal, a chance de desenvolver câncer
 é pequena, embora isso possa ocorrer. Mas, se a quantidade de DNA é anormal
 - geralmente DNA demais - a possibilidade de o câncer se desenvolver é alta.

Tipos de câncer 

Mais de 90% dos cânceres de boca e garganta são carcinomas de células escamosas, também chamados de carcinomas espinocelulares ou ainda
 carcinomas epidermóides. 

Células escamosas são achatadas, e normalmente revestem a cavidade bucal 
e a garganta. O carcinoma espinocelular começa como um conjunto de células escamosas anormais. 

A forma inicial do carcinoma de células escamosas é chamado de carcinoma 
in situ, isto é, o câncer só está presente nas células da camada de revestimento, chamada de epitélio. 

Um carcinoma espinocelular invasivo significa que as células do câncer
 penetraram em camadas mais profundas da cavidade bucal e da orofaringe.

O carcinoma verrucoso é uma variante do carcinoma espinocelular que 
responde por menos de 5% dos tumores da boca.

 É um câncer de baixa agressividade, que raramente produz metástases, 
mas que pode se espalhar profundamente pelos tecidos vizinhos.

 Assim, a remoção cirúrgica do tumor com boa margem de tecidos ao
 redor é recomendada nesses casos.

Cânceres das glândulas salivares menores podem se desenvolver nas
 glândulas encontradas logo abaixo do revestimento da boca e da garganta.

 Há vários tipos de cânceres das glândulas salivares menores, incluindo 
carcinoma adenocístico ou adenóide cístico, carcinoma mucoepidermóide
 e adenoma pleomórfico, que serão discutidos em outra seção.

Embora sejam raros, os sarcomas são tumores originados dos tecidos de sustentação e sua história natural e tratamento são distintos dos carcinomas.

As amígdalas e a base da língua contêm tecido do sistema imunológico 
(linfóide) que também pode desenvolver câncer: linfomas não-Hodgkin, 
linfomas não-Hodgkin - infantis e linfoma de Hodgkin.

O tratamento e prognóstico dos pacientes com câncer das glândulas 
salivares menores e linfomas são diferentes dos pacientes de carcinomas espinocelulares e não vão ser discutidos aqui. 

O restante deste documento refere-se apenas aos carcinomas 
espinocelulares de boca e garganta.

No Brasil, são esperados este ano cerca de 10 mil novos casos de câncer 
de boca em homens e 3.400 em mulheres. 
Não existem estatísticas específicas sobre câncer de garganta.

Nos Estados Unidos, devem ser registrados 30.990 novos casos de câncer 
de boca e garganta, sendo 20.180 em homens e 10.810 em mulheres, com
 um total de 7.430 mortes projetadas para o mesmo período. 

Entre os americanos, o número de casos da doença vem caindo nos últimos 
20 anos, a uma velocidade de 1% ao ano. A taxa de mortalidade desses 
cânceres também está em queda desde os anos 70.

Os locais mais comuns de câncer na boca são a língua (26%) e o lábio (23%), principalmente o inferior. Outros 16% são encontrados no soalho da boca 
e 11% nas glândulas salivares menores. 

O restante é encontrado nas gengivas e outros locais.
 Esses cânceres podem ocorrer em pessoas jovens, mas são
 raros em crianças. Cerca de um terço dos pacientes têm menos de 55 anos.

A incidência de câncer de boca varia de país para país. 
Ele é muito mais comum na França, Hungria e Índia, por exemplo, do que 
nos Estados Unidos e muito mais raro no México e no Japão. 

Cientistas que estudam a doença atribuem essas diferenças a fatores de risco ambientais e comportamentais.

Nos países não-desenvolvidos, os cânceres de boca estão entre os três mais comuns.
 No Brasil, é o quinto em incidência, mas infelizmente, por aqui 80% dos
 tumores são diagnosticados em estádio já avançado e apenas 20% são
 detectados precocemente, durante exame médico ou odontológico.

Pacientes recém-diagnosticados podem apresentar outro tumor em áreas
 próximas como a laringe, o esôfago (que liga a garganta ao estômago) 
ou pulmão. 

Daqueles curados do câncer de boca ou garganta, entre 10% e 40%
 podem desenvolver outro câncer num desses órgãos ou um segundo
 câncer da cavidade bucal ou garganta mais tarde. 

Por essa razão, é importante que esses pacientes sejam monitorados pelo
 resto da vida e evitem o cigarro e a bebida, que aumentam o risco desses
 outros cânceres.

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