segunda-feira, 7 de março de 2011

Plantar, colher, comer






Plantar, colher, comer


Hoje senti a responsabilidade de se fazer um blog. Às vezes nos esquecemos de que ele pode ser lido também por nossos ídolos, além da nossa família, amigos íntimos e virtuais. 
Mas é justamente este esquecimento que nos solta as rédeas.
 Uma vez perguntei a minha prima e escritora Ivana Arruda Leite, do Doidivana, se ela não se acanhava ao escrever sabendo que sua mãe iria ler depois seus livros (picantes, sarcásticos, como escreve bem a danada – veja uma amostrinha aqui).
 Ela respondeu que não, porque matava a mãe para poder escrever. 
E é assim, tenho que matar todos os dias a Nina Horta, não por pudor meu, mas pela sublimidade dela, minha musa maior, inspiradora e incentivadora. 
Se não, me sinto uma semente híbrida infértil perto da sua genialidade criativa. 
Como faço todas as quintas-feiras, fui hoje direto ao caderno Ilustrada do jornal Folha de São Paulo.
 E quase cai de costas. Estava lá, sua coluna inteirinha sobre o Come-se (quem tem Uol pode ver aqui). Senti-me envergonhada, claro. 

Principalmente por tê-la recebido com a casa tão desarrumada ou ajeitada tão prosaicamente. Meio naif, como ela mesma diz. 

Durante este tempo todo de blog fui fazendo só o essencial que é escrever e postar nos dias úteis, mas a pouca intimidade com o meio e a falta de tempo ainda me impedem de me dedicar com mais afinco, de dar um jeito no estilo, instalar buscador, marcadores, atualizar os links (são tantos os bons, de comida) e responder aos indispensáveis comentários que chegam de todo canto. 
Tem sido como aqui em casa, com a falta de uma ajudante. 
Acabo fazendo só o essencial: molhar as plantas, tirar o lixo, fazer comida e lavar o que suja. Mas vou me empenhar para melhorar isto, prometo.
Porque a Primavera vem chegando e é tempo de plantar.

Estes galhos de manjericão enraizaram na água.

Talvez não seja novidade para ninguém fazer enraizar manjericões na água, mas desde que aprendi a fazer mudinhas em pequenas estufas, na Universidade Federal de Lavras, com o professor José Eduardo, uso esta técnica para uma variedade de outras ervas aromáticas como jambu, tomilho, malva, lavanda, melissa, orégano, sálvia, hortelã, poejo, manjerona, estragão, segurelha e mais algumas, especialmente as da família das Compostas, Verbenáceas e Malváceas. 
Não funciona para as ervas de árvore ou de raizes. 
Nem para as da família das Umbelíferas (aquelas que quando florescem formam um guarda-chuvinha com os frutos), como o coentro, o cominho, a salsa, a erva-doce, a alcaravia e o endro, mas seus frutinhos brotam facilmente, bastando joga-los à terra.
 Tampouco dá certo para as ervas de bulbo como a cebolinha, de fácil multiplicação: 
compre um maço com raízes, corte a parte verde para usar na cozinha e do toco de bulbo que sobra é só aparar bem curtinhas as raízes, desmembrar as unidades e plantar cada uma delas direto na terra.

Miniatura de estufa improvisada. Aqui ervas prontas para serem transplantadas: jambu, manjericão-anis, manjericão roxo, segurelha, poejo, melissa, manjerona, menta, alecrim.
Voltando à estufa, a técnica que aprendi consistia em cortar as ponteiras das ervas - a parte jovem do galho, com cerca de 3 a 5 folhinhas, e plantar numa caixa com terra ou areia bem fofa e úmida (eu uso uma caixa de frutas, de madeira, forrada com manta acrílica e terra, como se vê na foto). 
Aí é só cobrir com plástico transparente, deixar em lugar fresco e iluminado e esquecer dela. 
A umidade vai circular, as folhinhas nem chegam a murchar e depois de uns 30 dias os galhos já estarão todos com raízes. Basta agora transplantar para o local definitivo.
Você pode fazer isto até com as ervas de bandejinha ou de maços vendidas nos supermercados, desde que bem frescas. 
Corte a pontas e deixe-as por uns 15 minutos na água para recompor a umidade perdida. 
E pronto, é só enfiar na terra da caixa, apertando com os dedos.
 O professor ensinou a tirar os galhinhos de alguma erva adulta plantada (ou seja, você tem que pedir para alguém ou usar a técnica para multiplicar o que já possui).
 Tem que cortar com tesoura e deixar cair sem demora na água para não desidratar. 
Só que eu fiz isto com as ervas de supermercado mesmo, mais de uma vez, e todas enraizaram igual. Já o manjericão enraíza de qualquer forma e em poucos dias, na estufa ou direto na água (lembrando de trocar a água todos os dias para ela não ficar mal-cheirosa ou virar criatório de mosquito).

Manjericões não precisam ficar em geladeira. Galhos novos ou velhos podem ser deixados em um vaso com água. 


Em poucos dias estarão enraizados. Troque sempre a água e descarte os galhos temperamentais. 


Estes da foto têm uns 7 dias e os comprei embalados em bandejinha de isopor.

Qualquer vidrinho serve como estufa, emborcado direto na terra.
Inventei uma forma mais prática de fazer estufinhas individuais para não precisar transplantar depois. 


Basta plantar os galhos no lugar definitivo do jardim ou da jardineira, em que bata sol, e cobrir com um copo ou qualquer outro vidro que possa conter a erva, emborcando-o e fincando-o direto na terra. 


Dá super certo. Depois de um mês é só tirar o vidro. 


O bom das estufas é que não precisa ficar regando.




http://come-se.blogspot.com/

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