Coxinhas de Limeira.
Uma vez fiz um trabalho de padronização das fichas técnicas e cálculo
nutricional dos pratos de um bar famoso.
Suas coxinhas eram premiadas e, de fato, deliciosas.
A receita eu sei, mas é segredo profissional.
A alegação do dono do bar para aquela massa cremosa e leve era que
levava batatas.
Embora a receita fosse secreta, o fato de levar batatas era amplamente
divulgado pela mídia.
E o dono me mostrou orgulhoso a quantidade enorme de batatas que
comprava por semana.
Estava curiosa, afinal não é toda hora que se
tem o privilégio de estrar frente a frente com os mistérios de uma
receita premiada.
E eu lá, de jaleco, redinha na cabeça, termômetro e balancinha atrás
E eu lá, de jaleco, redinha na cabeça, termômetro e balancinha atrás
do cozinheiro tentando ganhar sua confiança ao mesmo tempo que me
intrometia medindo e pesando tudo, falando da importância de se
higienizar a salsinha, explicando o que era contaminação cruzada
e anotando passo-a-passo o feitio da coxinha.
Na massa, muita manteiga, água, farinha e sal.
No recheio, frango cozido e desfiado, salsinha, sazon, alho, catupiry e só.
E eu esperando o raio da batata.
Talvez entrasse na massa depois de fria, pensei.
Em certo momento me desliguei das batatas e acompanhei a montagem,
Em certo momento me desliguei das batatas e acompanhei a montagem,
pesei massa e recheio para calcular o rendimento.
Aí foi só empanar no leite com ovo, passar na farinha de rosca, fritar,
pesar o que foi absorvido de óleo, quanto sobrou de farinha de empanar etc.
Mas, péra aí, e onde entra a batata? perguntei. Eram uns quatro na cozinha.
Um olhou pro outro e quiá quiá quiá, cairam na risada sem fim.
- Não tem batata nenhuma na coxinha, não, moça. -
Mas o patrão de vocês disse que tem. E pra quê toda esta batata aí no canto,
então? - É pra comida da brigada, ué!
Uma vez, uma cozinheira usou batata, mas quando ela saiu, nunca mais.
Faz tempo. O patrão deles quase teve um troço quando eu contei.
Aí, fuçando o livro "Histórias e Receitas", de Nadir Alves Galante Cavazin, da Sociedade
Aí, fuçando o livro "Histórias e Receitas", de Nadir Alves Galante Cavazin, da Sociedade
pró Memória de Limeira, que a amigaVeronika me deu junto com um lote de outros livros,
o mesmo que ensina a fazer mandiopã citado no post anterior, me deparei com uma receita
de coxinha que realmente leva batatas. E o melhor, farinha de mandioca em vez de trigo.
A massa, que não leva gordura alguma, nem caldo de galinha, é feita apenas com os dois ingredientes. De modo que pode servir também para pessoas que têm doença celíaca e não
podem comer gluten (proteína presente no trigo, no centeio, na aveia e na cevada).
O livro traz ainda a versão para o surgimento da coxinha, mas deixo isto para historiadores.
Não tenho a mínima ideia se esta é a receita original ou não.
O que importa é que a danada fica boa, crocante, sequinha, com gosto de batata frita e quase
não absorve gordura (veja lá embaixo o papel sequinho).
Aqui vai a receita com algumas interferências e detalhamentos que a receita do livro não traz. Mas não mexi na proporção dos ingredientes da massa.



Coxinha de galinha com massa de batatas



Coxinha de galinha com massa de batatas
e farinha de mandioca
Massa
Massa
1 kg de batata espremida (cozida com casca, descascada e espremida
para dar 1 kg)
Meio quilo de farinha de mandioca artesanal
(branquinha, rica em amido, não dessas tipo torradas vendidas em
supermercados)
Sal a gosto
Bastante óleo para fritar
Bastante óleo para fritar
Recheio
2 colheres (sopa) de banha de porco
1 dente de alho amassado
1 cebola grande finamente picada
1 colher (chá) de colorau
500 g de carne de frango cozido e desfiado
(cozinhei 1 peito de frango grande com osso,
com cerca de 700 g em água temperada com sal,
sementes de urucum, grãos de coentro, pedaços de salsa,
folhas de alfavaca e grãos de pimenta-do-reino; coei,
desengordurei e guardei caldo e gordura)
Um pouco do caldo do frango ou água
Sal, pimenta a gosto
1/2 xícara de salsinha picada
Massa: misture numa tigela o purê de batata já frio (as batatas
Sal, pimenta a gosto
1/2 xícara de salsinha picada
Massa: misture numa tigela o purê de batata já frio (as batatas
foram espremidas
quentes para ficar lisinho o purê) com a farinha de mandioca.
Junte o sal e misture.
No começo fica meio grudenta, mas, se embalar em plástico de deixar
algumas
horas na geladeira, fica perfeita, com consistência de massa de modelar.
E se começar a grudar, é só umedecer a mão com água.
Separe em 40 bolinhas com peso entre 37 e 40 gramas (faça rolinhos
com 4 centímetros de diâmetro e corte fatias com cerca de 2,5 centímetros
- deve dar mais ou menos o peso de 40 g).
Recheio: aqueça a banha de porco (ou azeite, se preferir)
Recheio: aqueça a banha de porco (ou azeite, se preferir)
e doure nela o alho.
Junte a cebola e deixe murchar. Adicione o colorau e o frango desfiado.
Umedeça com um pouco do caldo em que o frango foi cozido, junte sal se
precisar e pimenta-do-reino.
Quando estiver bem sequinho, desligue o
fogo e junte a salsinha.
Montagem e fritura: faça uma concavidade na bolinha de massa
Montagem e fritura: faça uma concavidade na bolinha de massa
e coloque dentro 2 colheres (chá) ou cerca de 15 gramas de recheio.
Feche a borda afunilando a ponta. Aqueça bastante óleo (para fritura em
imersão) até 180 ºC.
Frite de 3 a 4 por vez (se estiver usando 2 xícaras de óleo numa panela média,
por exemplo - o que não pode é abaixar muito a temperatura do óleo).
Vá virando até que fiquem douradas.
Escorra em papel absorvente e sirva.
Com uma gotinha de pimenta e uma cerveja bem gelada, por favor.
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